sábado, 3 de março de 2012

Protesto contra aumento das barcas no Rio de Janeiro é criminalizado

Protesto contra aumento das barcas no Rio de Janeiro é criminalizado
Todo apoio ao estudante Henrique Monnerat!
Contra o abusivo aumento das barcas no Rio de Janeiro!

Por João Guilherme, estudante de letras da UFRJ
No fim da tarde do dia 3 de fevereiro, o professor da rede estadual e estudante universitário Henrique Campos Monnerat levantou uma placa em protesto contra o novo aumento tarifário da empresa Barcas S/A, responsável exclusiva pelo trajeto hidroviário entre a cidade do Rio de Janeiro e a de Niterói entre outros. O súbito aumento de 60,7% da tarifa assustou a população, a qual, como não poderia deixar de fazer, ofereceu apoio massivo àquela demonstração de protesto. Sobretudo quando Henrique foi intimidado pelos seguranças da empresa, que desejaram impedi-lo de erguer o seu pequeno cartaz e, em seguida, filmaram-no com uma câmera móvel.

Diante de tal acontecimento inesperado, de uma intimidação severa a um legítimo protesto individual, os usuários se indignaram e, espontaneamente, iniciaram a organização, a partir das redes sociais, de um novo protesto contra o aumento da tarifa, marcado, dessa vez, para o dia 10 de fevereiro. Aproximadamente quatrocentas pessoas confirmaram o apoio pelo Facebook e parte desse grupo compareceu à manifestação pacífica. No entanto, no momento em que os manifestantes decidiram ler os nomes dos deputados estaduais que votaram a favor do aumento abusivo, Henrique foi agressivamente arrastado por um segurança da empresa Barcas S/A, o que foi registrado e divulgado na internet.
O movimento popular cresceu e surgiram novos vídeos, blogs, demonstrações de indignação, bem como um abaixo-assinado contra o aumento extraordinário. Um novo ato foi marcado para o dia 1º de março. Isso até que hoje, dia 24 de fevereiro, Henrique Campos Monnerat foi intimado por um oficial de justiça para comparecer à delegacia, acusado de apologia ao crime. Ora, após um protesto pacífico, em que apenas se utilizou de um cartaz, Henrique é acusado de criminoso? O único crime é o cometido pelo Governo do Estado e pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, que são os autores do aumento abusivo e responsáveis diretos por manter a concessão do serviço de transporte público a empresas privadas como a Barcas S/A, que cada vez lucra mais em cima das necessidades da população enquanto não oferece um serviço digno: os acidentes são frequentes, as filas são imensas porque a quantidade de barcas é a mínima possível, nos horários de pico elas ficam abarrotadas comprometendo a segurança dos passageiros e tripulação, há anos se protela uma falsa promessa de novas barcas que nunca se cumpre, não há barcas de madrugada e a população de São Gonçalo até hoje espera seu terminal de barcas ser construído. Henrique foi apenas mais um, entre tantos usuários, que manifestaram sua indignação e continuarão manifestando, pois não são poucos os que dependem do serviço de barcas e não se encontra entre os usuários quem não se tenha indignado com a notícia do reajuste de 60,7%.
O que pedimos, então, é que os movimentos sociais e setores organizados da sociedade civil se unam na luta por condições dignas e justas de transporte para a população que precisa das barcas. Luta que, hoje, passa incontornavelmente, pela defesa de Henrique e dos outros ativistas que são perseguidos por estarem ao lado da necessidade das grandes maiorias.

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