segunda-feira, 18 de junho de 2012

XINGU: Verás que um filho teu não foge à luta!


XINGU: Verás que um filho teu não foge à luta!
Entre os dias 13 e 17 de junho, num momento em que o Brasil suspirava a Rio +20, os povos da Amazônia, índios, moradores de comunidades ribeirinhas, ambientalistas, ativistas, artistas, estudantes, cidadãos em geral, em esfera nacional e internacional se reuniram na Comunidade de Santo Antônio, em Vitoria do Xingu, próximo a Altamira num evento chamado XINGU +23, relembrando os 23 anos do I Encontro dos Povos Indígenas, evento que barrou a construção da usina em 1989, que se chamava na época Usina de Kararao e hoje se chama Usina de Belo Monte. E como em 89, o Xingu +23 veio com um único proposito: PARAR BELO MONTE. E a ANEL (Assembleia Nacional de Estudantes – Livre) esteve presente no período de construção, no evento e nas decisões que nortearam o rumo dos acontecimentos durante o Xingu +23.
A comunidade de Santo Antônio é uma das comunidades afetadas pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte. Onde viviam cerca de 60 famílias, hoje apenas 9 delas resistem às pressões feitas pela Construtora Norte Energia; pressões estas que são inúmeras: intimidação policial, tentativas absurdas de compra das propriedades das famílias,  queimas “acidentais” de barracões de pescadores e até mesmo dinamites que são explodidas todos os dias às 5h e às 17h, no canteiro de obras. Como se o ‘“simples” fato de ver nossos rios sendo ameaçados e nossas florestas submersas não fossem suficientes.
Como forma de resistência, o evento resgatou uma das mais importantes festividades local, a festa de Santo Antônio, que tentou trazer esperança e reuniu novamente a comunidade para gritar pelo rio XINGU. E foi com esse espírito de revolta e indignação que, durante o evento, cerca de 300 pessoas invadiram pela madrugada uma das ensecadeiras (construídas para barrar o percurso do rio) e com picaretas e enxadas abriram um escape para que o rio pudesse correr novamente. Em nossos corpos escrevemos a frase : PARE BELO MONTE. Logo depois, foi realizada uma marcha na transamazônica ao som de palavras de ordem, puxadas pelos estudantes, e cânticos indígenas; e no canteiro de obras gigantesco da empresa realizamos um protesto.
”Sou estudante, sou radical… Não sou capacho do Governo Federal”
Como tem sido nos últimos anos no Brasil, os estudantes não foram meros expectadores deste acontecimento dentro da Amazônia. Contribuindo na formação e na construção do evento, a participação dos estudantes e militantes da ANEL foi fundamental na luta contra a Usina de Belo Monte.
Sem medo de repressões, atuando dentro de todas as ações do evento, sempre na perspectiva de somar-se às ações dos grupos indígenas e comunidade local,  dialogando e propondo ações em conjunto com outros grupos e coletivos ligados aos movimentos sociais e estudantis. A ANEL mostra cada dia mais que está presente nas lutas dentro e fora das universidades, mostrando, na luta dos estudantes de todo canto do Brasil, que é sensível e está presente também nas lutas dos povos da Amazônia.
BELO MONSTRO – GOVERNO FEDERAL !!
A Usina Hidrelétrica de Belo Monte é uma obra irresponsável do Governo Federal, desnecessária frente aos vários estudos realizados sobre novas fontes de energia no país e aumento da produtividade das usinas já existentes com a modernização das mesmas. O que nos mostra claramente que é um Governo que não respeita a opinião da população local, não leva em consideração os estudos de impactos sérios realizados, as ações do Ministério Publico Federal, e que, portanto, não representa o povo, muito menos o povo da Amazônia, os povos do XINGU!!!
Esse Governo fecha os olhos para a população que vem sendo assediada moralmente e muitas vezes expulsa de sua terra, sem sequer uma negociação, como denunciou recentemente a Defensoria Pública do Estado. Que diz não para educação e destina milhões de reais para obras que beneficiarão somente o grande capital, marginalizando a população local e explorando a mão-de-obra de muitos pais de família dentro dos canteiros de obra.
Um Governo que não valoriza a cultura do seu povo, não respeita sua terra, a biodiversidade existente nela. Pelo contrário, a encara como mercadoria, vendendo-a para grandes empreiteiras… E ainda acha que somos obrigados a engolir isso calados? NÃO!
Nós, indígenas, ribeirinhos, militantes, ativistas, estudantes, povo… Não nos calaremos. Não aceitaremos pacificamente as tentativas do Governo de destruir e não valorizar o que é nosso! Queremos o desenvolvimento da Amazônia, mas entendemos que isso é perfeitamente possível respeitando a vida que existe nela.
PÓS XINGU +23!
Após o Xingu +23, a impressa local – O LIBERAL -, filiada a Rede Globo, começou sua campanha de criminalização do Movimento Xingu Vivo e dos manifestantes que participavam do evento. A empresa Norte Energia está promovendo uma forte repressão às famílias que ainda vivem na comunidade, com o intuito de intimidar ainda mais esses moradores, além de outras ações.
Entretanto, no dia 20, indígenas xikrin da Terra Indígena Trincheira Bacajá, localizada às margens do rio Bacajá (afluente do Xingu), e Juruna ocuparam a ensecadeira do canteiro de obras de Pimental, paralisando os trabalhos dos operários. Cerca de 150 guerreiros tomaram o principal canteiro de obras e estão até a presente data ocupando o local, protestando contra a falta do cumprimento das condicionantes por parte do Governo e da Norte Energia.
Este é um momento de muita tensão, mas também de muita ação… BELO MONTE ESTÁ PARADA E TEM QUE CONTINUAR ASSIM… ATÉ CAIR DE FATO!!! Precisamos continuar apoiando as ações dos grupos locais em defesa da vida.
Por isso convidamos todos os guerreiros a se somarem nesta luta, em apoio a ocupação feita em Belo Monte, com manifestos locais em referência à ocupação, moções de apoio, alimentação para os guerreiros que se encontram dentro do canteiro de obras e para os que estão se movendo para lá , para tornar esta ocupação forte até que nosso pedido seja atendido: PARE BELO MONTE!
NÓS, ESTUDANTES LIVRES, QUE NÃO ABAIXAMOS NOSSA CABEÇA PARA ESSE GOVERNO QUE NÃO NOS REPRESENTA, LUTAREMOS ATE O ÚLTIMO MOMENTO PELOS DIREITOS DOS POVOS DO XINGU.
NÃO, NÃO, NÃO… BELO MONTE NÃO. O XINGU É NOSSO E NÃO ABRIMOS MÃO.
NÃO À HIDRELETRICA DE BELO MONTE!
Belém, PA. 25/06/2012
Bia Michelle Miranda
Coordenadora Geral do DCE – UFRA
Militante da Assembleia Nacional de Estudantes – Livres (ANEL)

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